Em meio ao cenário desafiador do mundo empresarial, compreender a saúde financeira de uma organização é uma tarefa crucial. O Modelo Fleuriet surge como uma ferramenta pragmática para essa análise, destacando a importância de uma abordagem dinâmica no entendimento do balanço patrimonial e do ciclo financeiro das empresas. Neste texto, exploraremos as características fundamentais desse modelo, focando em conceitos práticos que podem impulsionar a gestão financeira para resultados mais sólidos e sustentáveis.
O que é o Modelo Fleuriet?
O Modelo de demonstrações de Fleuriet aborda a necessidade de capital de giro, conforme as demonstrações financeiras, analisando a sua composição patrimonial e fontes de recursos. Criado por Michel Fleuriet e outros pesquisadores da Fundação Dom Cabral, o modelo tem como sua principal característica ser um modelo dinâmico, que não se apoia em dados estáticos.
Utilizam-se 2 (dois) demonstrativos contábeis para realizar a sua análise, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Balanço Patrimonial
O Modelo Fleuriet inicia sua análise enfatizando que o balanço patrimonial não é uma imagem estática, mas sim um reflexo da dinâmica operacional da empresa. A ideia central é compreender como os recursos são gerados e utilizados ao longo do tempo, proporcionando uma visão abrangente da saúde financeira.
Como funciona o Balanço Empresarial?
O Balanço Patrimonial, com respeito aos princípios contábeis, é divido em 2 partes (ativo e passivo) e seus saldos repartidos em circulantes e não circulantes. No Modelo Fleuriet, as contas circulantes, são subdivididas em contas Financeiras e Operacionais.
- As contas Financeiras não têm relação com a operação da empresa, como por exemplo: Contas de Bancos e Caixas.
- Já as contas Operacionais, são diretamente ligadas à operação, como por exemplo: Estoque e Clientes a receber.
Demonstração do Resultado do Exercício
No contexto do Modelo Fleuriet, a análise dos recursos próprios e de terceiros é intrinsecamente ligada à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), uma ferramenta essencial na avaliação do desempenho financeiro de uma empresa.
A DRE é um documento contábil que detalha as receitas, despesas e lucros (ou prejuízos) ao longo de um determinado período. Ela oferece uma visão dinâmica das operações financeiras da empresa, destacando seu desempenho ao longo do tempo.
Importância da DRE no Modelo Fleuriet:
- Análise da Rentabilidade:
- A DRE permite a análise detalhada da rentabilidade da empresa, fornecendo informações sobre as fontes de receitas, custos operacionais e despesas. No contexto do Modelo Fleuriet, compreender como esses elementos interagem ao longo do tempo é crucial para avaliar a eficiência na geração de lucros.
- Tomada de Decisões Estratégicas:
- O Modelo Fleuriet enfatiza a gestão eficiente dos recursos próprios e de terceiros. A DRE fornece insights para a tomada de decisões estratégicas, revelando áreas que demandam ajustes para otimizar o desempenho financeiro e, por conseguinte, a proporção entre recursos próprios e de terceiros.
- Avaliação do Endividamento:
- Ao analisar a DRE, é possível avaliar o impacto das despesas financeiras relacionadas a empréstimos e financiamentos. Essa análise é crucial no contexto do Modelo Fleuriet, pois auxilia na compreensão de como a empresa equilibra sua estrutura de capital e gerencia seu endividamento.
Na Demonstração do Resultado do Exercício são apurados seus resultados sem considerar o seu fluxo de recebimento ou pagamento. De forma gerencial, temos a seguinte estrutura básica:
- Receita Bruta
- Impostos sobre faturamento
- Receita Líquida
- CMV – Custo de Mercadoria Vendida
- CPV – Custo de Produto Vendido
- CSV – Custo de Serviço Vendido
- Lucro Bruto
- Despesas Administrativas
- Despesas Comerciais
- EBITDA (Lucro Operacional)
- Movimentação Financeira
- Lucro Antes IP/CSLL (em caso de empresas do LR)
- Lucro líquido
O EBITDA (Lucro operacional) é um indicador relevante para a análise gerencial, pois este evidencia se o negócio consegue gerir seu giro financeiro com recursos próprios. Caso o EBITDA apresentar um resultado negativo, é evidenciado que o modelo de gestão não suporta o giro financeiro, o que se faz necessário com auxílio de recursos de terceiros.
Necessidade de Capital de Giro
A ênfase recai sobre a necessidade de compreender o ciclo financeiro da empresa, desde a obtenção de recursos até sua aplicação eficiente. Destaca-se a gestão do capital de giro e a importância de otimizar prazos de recebimento, pagamento e estoques para garantir uma operação financeira eficiente.
Para vermos a necessidade de capital de giro, precisamos analisar alguns ciclos, como o ciclo econômico (CE), que consiste no tempo médio de compras e o tempo médio de venda. Este ciclo é expresso pelo indicador do prazo médio de estoque (PME).
Temos também o ciclo operacional, que consiste no tempo médio de compra e prazo médio de recebimento. Em que utilizamos a soma de 2 índices.
E, por fim, temos o Ciclo Financeiro (CF), que são o prazo médio de pagamentos sobre as prazo médio de recebimento.
Com todos estes ciclos calculados, conseguimos calcular a necessidade de capital de giro, que é composto da seguinte forma:
Ou seja, a necessidade de capital de giro (NCG) = ativos cíclicos – passivos cíclicos.
Desta forma, quanto maior o NCG, mais evidente a necessidade de investimento no ciclo operacional. Ou seja, a empresa corre um risco alto, pois ela necessita de demandas financeiras para a operação.
Conseguimos avaliar a liquidez de uma empresa aplicando análises fundamentadas no Modelo de Fleuriet. É possível identificar o tipo de estrutura financeira, suas características e quais são as tendências relativas ao modelo financeiro trabalhado. É um modelo de análise de liquidez auxiliar do modelo contábil que ao mesmo tempo contempla aspectos gerenciais, de forma a possibilitar antever a deterioração ou mesmo a recuperação financeira, visto que conseguimos, por meio dele, avaliar o fluxo de caixa.
Já Conhecia o Modelo Fleuriet?
Em um cenário corporativo cada vez mais desafiador, o Modelo Fleuriet se revela como uma ferramenta indispensável, transcendentemente capaz de transformar a análise financeira em uma narrativa dinâmica e orientada para o futuro. Ao compreender a importância de equilibrar recursos, otimizar ciclos e criar valor, as empresas podem não apenas sobreviver, mas prosperar. Convidamoas a todos os leitores a explorarem esses conceitos e a compartilharem suas descobertas. Se este conteúdo lhes foi útil ou inspirador, compartilhem para que mais mentes possam se beneficiar, além disso, não deixe de comentar suas reflexões e dúvidas. Juntos, continuaremos desbravando o fascinante mundo da gestão financeira.
Não deixe de acompanhar também nosso canal no YouTube.